Que tal nos deprimirmos agora? Quem disse que isso faz mal a saude... Quem nao quiser sentir junto, pelo menos leia o post e fique tranquilo, pois desta tristeza que estou falando, eu entendo e sei lidar muito bem com ela.
Vou chorar. Andar pelo meu apartamento alugado de meio metro cubico, pra lah e pra cah, seguir por cima dos tapetes, pular em cima da cama pois me esconder debaixo nao rola que sao dois colchoes colados no chao.
E ainda ouvir de todos a questao que nao me sai da cabeca: "quando voce volta?" Do tipo: MOVE ON RIGHT NOW. Quero gritar, espernear, como se gritar ajudasse muito, espernear menos ainda. Okay, neste exato momento diria que o tal move on resultaria em círculos para acabar no mesmo lugar.
Eu quero mesmo eh sentir saudades, chutar lata, poste e tudo o que aparecer na minha frente. Eu quero sofrer, sentir falta daquilo que quero; do Brasil e das pessoas que mais amo. Quero tambem cantar pedacos de musicas, esquecer da minha vida hoje, agora. Tudo de bom e de ruim. Apenas pra depois relembrar de tudo com minha cachola limpida, clara e decidida.
Depois eu quero ter a coragem de vender tudo que tem na minha casa e ir embora, deixar aqui todas as fotos, alguns sapos, papeis, jornais, velas e outras lembrancas da minha vida que vai ser passada, apenas pra iniciar tudo de novo e de NOVO, num lugar nada desconhecido, porem, de maneira diferente. Lugar que poderei me encontrar com quem eu quiser e permitir, onde vou exercer a sabedoria das merdas que eu fiz para nunca mais repetir. E provavelmente fazer outras.
Vivo paralela a mim mesma, uma sorridente e sofrendo de saudade com uma taca de vinho numa casa montada, feliz, paredes coloridas e quadros assinados por A. Dalo, lindos... Com um monte de tentacoes piscando para mim: trabalho garantido, vida bem resolvida apenas por ter sido conquistada a cada dia com um suor diferente, responsabilidades marcadas, mesmo que das banais, planos concretos de quando cheguei. E eu querendo ir embora.
A outra dizendo fica, fica, as coisas podem dar certo, essa chora muito, se diverte, sente duvida e certeza de que a hora de voltar esta chegando pois mesmo dando tudo certo, parece estar errado. As duas nunca param de brigar, odeio esse ringue.
Não é uma redundancia louca esse meu texto, não eh o ninguem em lugar nenhum de antes, eh todo mundo em todos os lugares e eu aqui e agora em um lugar onde NAO quero estar. Mas estou. Estou presa, mas posso ir embora quando quiser. No fundo eu quero me livrar de tudo: livros, sofa, cama (ops... colchoes), armarios, estantes, televisao, telefone, cafeteira... Apenas TUDO e ir embora com meu caderninho de anotacoes que nao eh um leptop, tres pares de sapatos, quatro blusinhas, duas calcas, meus sapos escolhidos a dedo (esse sera a parte mais dificil), alguns CDs, meus livros para me apoiar nas piores horas e as quatro malas da Drica. Ir morar no mesmo lugar que deixei ha quase dois anos, longe, longe dessa minha realidade momentanea e feliz, longe e nova, longe e renovada, porque nao adianta continuar aqui no mesmo chao que me da os mesmos frutos.
E no fim alguem ainda vai vir me dizer “porque voce decidiu voltar?”. Ahhhhhhhh. Fala serio! Sempre que alguem me disser isso eu vou chorar mais... e triste e feliz. Nao... sofrer não eh legal. Não mesmo. Euzinha decidi tentar celebrar a dor, tentei chacoalhar a dor pra fora pra ver se um surto escapasse das minhas ideias e pudesse HOJE jogar tudo para o alto e fazer tudo que descrevi nas linhas anteriores. Pena que aprendi a agir com a razao nessas horas, nao com a emocao. Ou seria algo maduro?
No fundo mesmo quero gritar e expulsar todo mundo de dentro de mim com uma travesseiro gigante na mao, ou uma espingarda de jato d`agua: saem fora dos meus pensamentos, me deixem em paz, me deixem fazer a faxina e vao pra rua. Só voltem quando eu chamar!
Eis que estou aqui, decidida e cheia de duvidas, certezas de uma escolha, com um amor para amar, uma familia a alegrar e se unir, alem da MINHA vida a viver. Uma decisao que quero tomar muda, porque tenho esse direito.
